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Os Pingos de Chuva

e os Eucaliptos

por Isabel Fomm de Vasconcellos

 

 

Imagine a cena. Na cozinha, ouço um plic-ploc esquisito e penso: "Ué... já desliguei o forno elétrico há um tempão... por que ele está estalando?" Não era o forno. Era algo muito comum e natural, mas que há tanto tempo não acontece, que me esquecera: pingos de chuva contra a janela. Há anos -- nem sei quantos -- eu não ouvia isso. Aqui em São Paulo não chove há anos. Só caem tempestades violentas ou garoas mirradas. Nada que faça esse barulhinho gostoso das gotas d'água batendo no vidro da janela.

 

Penso que o clima desse final de primavera, em 2020, esteja mais parecido com o que era antigamente por causa da diminuição dos poluentes, resultado da pandemia. Um pouco menos de carros nas ruas, aviões nos ares, menos produção industrial... Se, por um lado, é ruim pra todos, pra economia, pra nossa liberdade, por outro, nos mostra que é mais do que urgente frear nossos hábitos poluidores e substitui-los por hábitos mais saudáveis.

 

Por analogia, penso no corredor das árvores no Castelo. Segundo a minha nova amiga virtual, Olivia Malagola, foi o avô dela quem sugeriu a Robert Kutschat (o diretor da Brahma que construiu o Castelo da Represa do Guarapiranga) que criasse aquele corredor, uma rampa de pedras que desce da entrada do Castelo até o centro da praia que o cerca, bordejado por majestosos eucaliptos. Isso deve ter sido no começo dos anos 1910.

 

Em 1937, meu pai hospedou-se no Castelo (que ainda era residência) e se apaixonou pelo lugar.

 

Vinte e dois anos depois, em 25 de agosto de 1959, quando o Castelo virou o Clube de Campo do Castelo, meu pai já estava lá, como sócio proprietário.

 

Minha família deixou o clube em 1969.

 

Mas, em 1979, meu pai comprou um título para mim e eu voltei pro lugar mais mágico de toda a minha vida.

 

Em 1987, deixei novamente o Castelo e só voltei lá, a convite da então presidente do clube, Susana Campanhã, em 2017, 30 anos depois.

 

Bem, estou contando tudo isso só pra falar nos eucaliptos. Eles estavam lá, em 1910. Estavam lá em 1959. Estavam lá em 1979 e estavam lá, quando parti, em 1987. Passaram portanto 80 anos, ou mais, firmes e fortes, bordando a rampa, o corredor das árvores, como eu o chamo.

 

Não estavam lá em 2017.

 

Segundo me explicou a Susana, haviam "caído todos". Como? Com os fortes ventos das tempestades.

 

Por quase um século os ventos das tempestades não foram fortes o suficiente para vencer os eucaliptos. Mudaram as tempestades? Sem dúvida. Foram os ventos e as tempestades que mudaram, não as árvores.

 

Foi o corredor das árvores -- que antes eram eucaliptos majestosos e hoje são pinheirinhos mirrados -- que inspiraram os primeiros pensamentos que se tornaram o meu livro, um romance de ficção, "Um Castelo Além do Tempo", que acaba de sair do forno pela Editora Soul (Christiane Donizete) num volume dois-em-um que tem ainda o "Um Castelo Entre as Árvores", memórias do lugar mais mágico do mundo!

 

Que amainem as tempestades e retornem as nossas delicadas chuvas. Para o bem dos Castelos e de todo o planeta!

 

Olivia Malagola

Isso mesmo!

Meu avô Aristotele Latino Malagola, nascido em 1858, é quem fez essa sugestão!

Os bisnetos dele conseguiram apreciar este cenário!

 

Adriana Negrelli

Muito orgulho e honrada com a menção ao meu bisavô Aristóteles Malagola. Obrigada, querida Isabel

❤

 

Miriam Sobral

👏🏻👏🏻👏🏻🤗

 

Maria De Fatima Amichi Garcia

Lindooooo texto❤️