voltar para a página Anos 1960

Aída Emart, 2011, Vivaldi, As quatro estações

 

Memória de Luiz Geraldo Benetton

Meados da década de sessenta.
Naquele tempo um agrupamento de quatro a seis jovens em torno de baixos, guitarras e bateria tinha o nome de “conjunto de rock”. Um triste dia começaram a denominar de “banda”.
Ora, caros conteanos, todos sabemos que banda se refere àquela pequena orquestra que tocava marchinhas nos coretos das cidades, com dois gordinhos, um na tuba, outro no trombone e um magricela, alto e olhar perdido, no disco, para o arremate.
Algum infeliz sem infância leu “band” em inglês, e traduziu ao pé da letra, e , o que é pior, pegou.
Imaginem a personagem da musica do Chico Buarque esperando a banda passar e aparece um amontoado de cabeludos, balançando as cabeças freneticamente, tatuados, com as línguas bi-partidas, olhos vítreos ameaçadores.
Caricaturas à parte, o nome pegou porque não foram só os campinhos de futebol que sumiram.
E por falar em conjunto de rock, lembro da festa que minha 4ª série ginasial fez em 1966 para arrecadar fundos para a festa de formatura.
Combinamos de realizar um show, para nossos pais, parentes e professores, com cobrança de ingresso.
Os “artistas” seríamos nós mesmos, de algum jeito. Ia ter jogral, esquetes, e números musicais.
Eu e mais dois colegas também de nome “Luiz” (com zê), o Luiz Antonio e o Luiz Carlos, tentamos emplacar o “Luiz 3”, mas faltava um balanço próprio, e chamamos o Marcio, que tocava violão perfeitamente e formamos o até hoje famoso e inesquecível “LM Quarteto” e atacamos uma música dos “Cariocas”. Fomos grandemente ovacionados, levou duas semanas pra limpar aquela ovaiada toda ( desculpem, não resisto a um trocadilho, desde meus tempos com o Nelsinho e com o Faria).
Depois de nossa apresentação, ou antes, não me lembro mais, foi a vez do meu primo Zé Walter, no piano, um baixista e o Nelson Primi na bateria. Todos os participantes ficavam nos bastidores, fofocando em voz alta, mais amador e anos 60, impossível. De repente, na apresentação da dupla, um baita estrondo. A bateria do Nelsinho caiu, uma parte dela. Toca entrar uma galera, pôr no lugar, recomeçar a apresentação, e eu, agachado, segurando a base da batera pra não cair mais.
O segredo de tanta descontração foi uma sacada que aprendemos na véspera do show, no último ensaio. Até então estávamos quase todos com muita vergonha, inibidos, e para sair legal tínhamos que nos soltar mais, mas como?
Um dos nossos, o Yuri, já era “veterano”, já tocava “um tempão” com seu próprio conjunto de rock. Tocava uma guitarra legal. Percebendo o nervosismo da turma, contou pra todos o seu truque de perder a inibição na hora H. Era só olhar pra platéia cheia de senhoras e senhores e imaginar todo mundo só de calcinha, sutiã e cueca. Foi um bálsamo.
No dia seguinte o próprio Yuri sorridente abriu o show com “Satisfaction” e todos em seguida se apresentaram com uma expressão de riso contigo. Lembro-me de uma colega que não participou das apresentações me perguntar porque todos estavam tão inexplicavelmente soltos. Não consegui responder, só ria.

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  • Sergio Hamilton Angelucci O conjunto do Yuri era "OS TARTAMUDOS" ... Ele numa guitarra solo, José Augusto Domeniconi numa viola de 10 cordas elétrica e guitarra, o Edson Renato Romano numa guitarra base, o Aderval Luiz Arvani Catu no contra baixo, o Carlos Carvalho no piano e eu na bateria ... Bons tempos !!!
  • Aderval Luiz Arvani Catu Era Tartamudos ou Traçasurdos, lembra da pegadinha!!! abração, põe bons tempos nisso meu amigo!!!
  • Aderval Luiz Arvani Catu Amigo Luiz Geraldo, meu grande psiquiatra e o teclado! tenho um amigo que está vendendo um Yamaha PSR 520, muito bom teclado, super conservado e com fonte e, o preço, melhor ainda R$ 500,00; quase comprei é que um amigo conseguiu me trazer de Miami um pedal de efeitos de voz e aí tive que optar: acho que seria ótimo para você começar!!! qualquer coisa me ligue 98936-2002.
     
  • Sergio Augusto Malta Décourt ... engatando uma outra história.... lembro que, antes do Giuseppe ir embora para a Venezuela, fizemos uma viagem de despedida com ele. Não eram muitos, mas lembro dele, do Dudu, do Ronaldo Silveira e do Taio. Um tio meu tinha um sítio em Cotia, na estrada que vai para Caucaia do Alto, e me emprestou por um final de semana. Fizemos tanta bagunça que o caseiro, Sr. João, ficou muito louco comigo. Coincidência ou não, nunca mais fui convidado para ir ao sítio. Mas valeu pela farra. Essa foi a penúltima lembrança que tenho do Giuseppe. A última foi na noite anterior do embarque dele, quando sofremos um acidente na João Dias, quando o levávamos para a casa dele, no Campo Limpo. Noite muito louca, que não permitiu que ninguém dormisse. Às 7 da manhã, todos em Congonhas para a despedida final. Num canto, encostado no balcão, Chico Buarque.... de porre total. Quem foi ao Aeroporto deve lembrar.
  • Luiz Geraldo Benetton A minha lembrança é que ele me disse, lembro da cena, no hall de entrada da nossa sala de 4ª ginasial, em baixo, fora do prédio principal, que ia se mudar pra Colômbia.
     
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  • Carlos Carvalho Fora os intermináveis ensaios na garagem da sua casa na Av. Sto. Amaro! Bons tempos mesmo, onde se precisava de muito pouco para uma grande curtição. Grande abraço Serjão
     
    Carlos Carvalho Tartamudos, e sem gaguejar! Grande abraço Aderval, alto do baixo...
     
  • Aderval Luiz Arvani Catu Grande Carecone, bom falar contigo, acabei de receber meu novo equipo de vozes!!! agora é pra cair de costas tal a perfeição. Espero revê-lo em breve. Forte abraço.
     
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  • José Augusto Domeniconi Meus caros amigos, não podia deixar de entrar na prosa. Os tartamudos nos deram muita alegria. Era um momento mágico da música e nós não só ouvíamos mas tocávamos. Não sei se vocês se lembram mas o Yuri já tinha o dom de fazer coisas. E entre elas instrumentos e ao abrir com Satisfaction naquele show ele estava usando um "distorçor" (mais tarde virou pedal) que ele mesmo fez!!!. O autêntico devia ser muito caro. Eu tb tive uma guitarra de 12 cordas que ele fez. Vou aproveitar e divulgar uma foto onde, infelizmente, o grupo não está completo. Foi uma festa no Conte organizada pela deusa Gilda. ) Careca - harmônio Sérgio Sergio Hamilton Angelucci - Baixo Domeni - Viola de 10 cordas. Ainda lembro de melodia (acho que inteira). Em otra estou com conhecida viola branca, com Carlos ao violão e o padre não melembro o nome. Tocando numa missa. Infelizmente com Aderval e Edson bnão encontrei nada. abs musicais e saudosos
  • Amarilis Rahner E,olhe!, em primeiro plano, meu pai...E o Jupa, ali, do lado do Morato. Onde andará o Giuseppe, hein?
  • Maria Da Graça Naffah-Mazzacoratti Tempo bom esse, cheio de ingenuidade, onde íamos nas passeatas de uniforme e vários de nós saíram presos!!! Arnaldo Guilherme, Jefferson etc...... Íamos nas festas a fantasia e o Arnaldo foi preso por atentado ao pudor por estar de cuecas brancas, paleto, gravata e guarda-chuva!!!!!
  • Chris Ramsthaler Estou adorando as lembranças de vocês. Passei pelo conte um pouco ( só um pouco) antes, mas essas histórias são fantásticas! Continua gente, continua contando!
  • Sergio Hamilton Angelucci A última notícia que tive do Giuseppe é que tinha se mudado para a Venezuela ... Muitos anos atrás !!!
 
  • Amarilis Rahner Eu ainda troquei correspondência com o Jupa por algum tempo. Ele estava na Venezuela.
  • Carlos Carvalho Isto mesmo. Venezuela, e tinha (tem) uma empresa de projetos. Voltou ao Brasil uma ou duas vezes. Depois disso tentei localizá-lo através da Filial venezuelana da empresa em que trabalhava, sem sucesso. Giuseppe Domenico Lo Giudicce (ou algo parecido). Abraço a todos.
    • Ana Elisa Alonso Oi Lílis, lembro-me da despedida do Jupa e dos olhos do Chico...
      Tenho o Juca, você, a Cica numa foto de formatura, vou localizar para matarmos as saudades...
      Luis Geraldo, suas histórias são recheadas de alegria e descontração. Obrigada