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(o escritor Ignácio de Loyola Brandão com o escritor Zedu Lima, 1983)

 

 

 

Meu Melhor Investimento Cultural

por Zedu Lima
 

 

Conheci o escritor Ignácio de Loyola Brandão em 1983, quando o escolhi para inaugurar a seção “Investimento Cultural”, que criei como editor para o jornal interno dos funcionários do Banco Noroeste. Fui a sua casa entrevistá-lo (foto), como descrevo na minha crônica “Uma viagem com Ignácio de Loyola Brandão”, publicada no meu livro “40 Viagens e um Roteiro” (Livrus Editora – 2013 – pg.93).


Nesse bate-papo descobrimos algumas similaridades: Ele veio de Araraquara para São Paulo e eu de Mirandópolis. Ele pretendia fazer Direito, mas enveredou pelo Jornalismo. Depois de dois anos reprovado no vestibular para Psicologia, também fui parar no Jornalismo.

 

Ambos cinéfilos que acompanharam as chanchadas da Atlântida Cinematográfica e o apuro técnico da Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Ambos estudaram em colégios salesianos graças à Bolsa de Estudos, ele em Araraquara e eu no Colégio Coração de Jesus, em São Paulo.


Pois bem, desde esse nosso primeiro encontro, continuamos a manter contato. Loyola já era um escritor famoso e eu, embora gostasse de escrever, não confiava no meu taco. Mas, quando ele fez um comentário estimulante ao primeiro livro que escrevi a quatro mãos, me entusiasmei e parti com muita firmeza para o segundo, desta vez, solo. Tão confiante que tive a ousadia de lhe solicitar a escrever o prefácio. E ele, generosa e gentilmente, escreveu o prefácio abaixo:
 

Conheço Zedu há décadas
Desde quando ele me entrevistava para um house organ do Banco Noroeste, hoje Santander.
Era dos raros jornalistas que reproduziam exatamente o que eu tinha dito.
Até melhorava, às vezes.
Quando leio os textos dele, vejo que a experiência do jornal, de fazer entrevistas, de olhar a realidade, moldou sua maneira de escrever, que é objetiva, direta.
Poupa palavras, porque sabe usá-las.
Quando leio textos como os que estão neste livro me deixo levar pela fluência, pelo domínio da narração.
Divirto-me ou me entristeço.
Entrego-me.
Isso é o que ele consegue do leitor: a entrega. A grande marca do escritor.
Outra coisa essencial. Zedu sempre quis fazer literatura. Demorou até se julgar pronto.
Até olhar o texto e dizer: agora, vá cumprir seu destino. Busque os leitores.
Apresentações, dizem, são para abrir o entendimento do leitor ao texto.
Discordo. O autor é quem abre o entendimento.
Zedu não precisa de apresentações, os textos dele se aninham no colo da gente, como gatos que ronronam.
Mesmo quando ele é cruel, dramático, trágico, traiçoeiro, irônico.
Aqui está um escritor pronto, abrindo seu caminho.
Vamos acompanhá-lo.