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Quando NÃO fazer Cirurgia Plástica

(Aspectos Psicológicos da Cirurgia Plástica - parte dois)

por Dr. Paulo Jatene       

Dificilmente, quando resolve encarar a cirurgia plástica, uma pessoa vai perceber que o que ela está procurando não será alcançado através da cirurgia. É o próprio médico, com ou sem o auxílio de um profissional de psicologia, quem deve perceber isso para não acabar tendo que enfrentar um paciente frustrado com uma cirurgia que, afinal de contas, foi perfeita.
Familiares bem intencionados, e amigos idem, podem ajudar essa pessoa a perceber que está esperando da cirurgia o que esta não lhe pode dar. No entanto, para quem é capaz de encarar a si mesmo com uma boa dose de honestidade, aqui vão algumas dicas.

 

Coisas que uma cirurgia plástica não pode fazer:

 

- Retroceder o tempo.

A cirurgia pode eliminar os aspectos mais anti estéticos do envelhecimento e fazer com que você sinta muito feliz com a aparência rejuvenescida, mas não trará de volta a sua juventude.

 

- Salvar o seu casamento.

Talvez você acredite que o seu cônjuge se afastou de você porque você está mais velho, ou mais barrigudo, ou menos atraente. Mas é muito pouco provável que estes detalhes da nossa aparência física afastem alguém que realmente nos ama. Se este afastamento ocorreu, procure a verdadeira razão e jamais espere que a cirurgia reverta essa situação. Há outras maneiras de fazer isso, ou não há maneira alguma, cada caso é um caso. Em vez do plástico, procure um auxílio psicológico, religioso ou mesmo de uma amizade sincera.

 

- Dar você as qualidades estéticas, ou atraentes, que você admira em alguma celebridade ou

em alguém com quem você convive.

Ter a boca da Angelina Jolie, em você, pode até ser um desastre estético. Ter o corpo da Cameron Diaz não fará de você uma estrela.

Ter a barriga chapada do Brad Pitt não tornará você mais atraente para as mulheres.
Enfim, depois de mudar alguma coisa no seu corpo, você continuará a ser exatamente quem era antes, só que, agora, com alguma coisa mudada no seu corpo. As atitudes, a capacidade de atrair ou agradar, a competência para ser isto ou aquilo não estão em seu corpo, mas na maneira como a sua cabeça manda no seu corpo.

- Resolver um evento traumático ou muito triste da sua vida.
 

Se você perdeu o emprego, o amor, o vestibular, ou se passou por qualquer tipo de experiência muito desagradável, às vezes pode depositar na cirurgia plástica e esperança de superação de sua fase de “luto” por esse acontecimento. É claro que a cirurgia plástica, seja qual for, sempre melhora – e muito! – a autoestima, a autoconfiança e até o humor de qualquer pessoa. Mas não suprime o sofrimento e a depressão que são consequência de um evento traumático ou muito triste. Isso só o tempo pode fazer.
 

Por tudo isso, antes de resolver fazer a sua plástica, dê uma boa olhada no espelho e converse consigo mesmo para entender o que você, de fato, espera que a cirurgia faça por você e não hesite em conversar abertamente sobre isso com o seu cirurgião. Aí sim, depois você ficará satisfeito!