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Uma
praga da primavera |
Stillman, Marie
alimenta pássaros |
É o fim da picada! dirão os
desavisados. Só mesmo paulista pra reclamar do canto de sabiá.
Mas eu queria vê-los acordando às
três horas da madrugada, com o canto agudo que chega a durar duas horas
seguidas, até cinco horas da manhã. Um canto de 75 decibéis, a cinco
metros de distância. Só perde pra buzina de carro (90 decibéis), e ruído
de trânsito (80 decibéis).
Tão me entendendo?
E não estou sozinha. As reclamações
pululam pela cidade; eles estão por toda parte. Centro, Bela Vista,
Sumaré, Itaim, Moema, Paraíso, Tremembé, Vila Prudente, Capão Redondo.
Diga o bairro e lá estarão eles, nos galhos de suas árvores, marcando
território, atraindo as fêmeas, reproduzindo adoidado e comemorando sua
vidinha boa sem pensar nos outros.
O nome do vilão: sabiá-laranjeira.
Codinomes: sabiá-cavalo, sabiá-de-barriga-vermelha, sabiá-de-peito roxo.
Nome científico: Turdus Rufiventris. Retrato falado: olho marrom escuro,
dorso marrom-acinzentado, ventre ferrugíneo-alaranjado, bico reto
amarelo-oliva, patas cinzas. Mede de 17 a 25 cm, com um peso de 70 a 80
g. Quanto mais possante seu já possante canto, mais fêmeas ele atrai:
com certeza os de São Paulo são dos mais competentes reprodutores de sua
canora espécie.
Eles surgem alvoroçados com a
primavera e continuam alvoroçados até sabe-se lá quando. É a época que
escolhem para ensinar os gorjeios a seus filhotes, e justo de madrugada.
Explicam os ornitólogos que é o momento mais propício porque durante o
dia eles precisam vigiar o ninho, proteger seus bebês dos predadores.
Que Tom Jobim e Chico Buarque, o cancioneiro popular e o Dr. Gil Perini me perdoem, mas na primavera não recomendo pra ninguém um vizinho desses. VOLTAR PARA A PÁGINA DA ESCRITORA |