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A DEPRESSÃO PÓS PARTO

por Dra. June Melles Megre

 

A mulher durante o ciclo reprodutivo (da primeira a última menstruação) tem duas vezes mais chance de ter depressão do que o homem ou outra mulher fora deste período. Isso porque a produção de hormônios como progesterona e estrogênios alteram o organismo, eles não causam a depressão, mas modulam o psiquismo.

 

Há uma subpopulação feminina que está mais sensível as alterações hormonais, como aquelas mulheres que tem tensão pré-menstrual (TPM). Durante a gravidez as mudanças são lentas, existe a adaptação. A alteração hormonal até protege a mulher de ter um quadro de depressão. Após o parto, existe uma alteração brusca de hormônios, o que propicia essa subpopulação feminina a apresentar alteração patológica de humor.

 

A depressão pós-parto tem as mesmas características de uma depressão normal, ou seja, a pessoa sente tristeza profunda, nihilismo (não vê futuro em nada), tem psiquismo preso ao passado, pensamentos negativos e pessimistas, medos estranhos e incompreensíveis. Podendo ocorrer também, alteração somática (sono e apetite), sintomas somáticos (cefaléia, gastrites, dores) e prejuízo da vida útil.

 

Esta alteração do humor pode ser dividida em dois tipos: leve e intensa. A leve tem sintomas mais suaves, passageiros, durando, cerca, de uma semana. Geralmente, inicia-se do terceiro ao quinto dia do período pós-parto. Deixa tristeza, vazio, podendo haver alteração de apetite.

A intensa começa na segunda semana pós-parto e altera o psiquismo, as funções somáticas e a vida útil da paciente. Nesses casos, muitas vezes, a mãe se vê impedida de cuidar do próprio filho e de si mesma, precisando de um atendimento médico especializado, muitas vezes, com uso de medicação.

 

As mulheres que se enquadram nessa subpopulação feminina devem se prevenir quanto ao risco de depressão pós-parto. As mulheres que estão mais propícias são aquelas que já tiveram quadros depressivos anteriormente, em pós-parto ou não. Mulheres que tem alterações de humor importantes durante a pré-menstruação. Aquelas com antecedentes familiares de depressão grave, principalmente, em pós-parto. Mulheres que engravidam durante período de tratamento depressivo e adolescentes grávidas ou mulheres já maduras, com falta de apoio familiar, boa sustentação social ou com personalidade imatura.

 

No entanto, mulheres que tem depressão ou antecedentes depressivos podem engravidar e terem partos sem grandes riscos. Várias pacientes com quadro depressivo, tiveram seus filhos e vida normal pós-parto. É uma morbidade que pode ser prevenida. É necessário que a família compreenda e ajude nessa prevenção. Dizer que é frescura, imaturidade não colabora em nada. Viajar também não resolve. É necessário tratamento médico especializado e o apoio da família tem importância fundamental para a recuperação da paciente.

 

 

Artemísia Gentileschi, sec.XVI