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SERÁ QUE O ANO É MESMO NOVO?

Por Dra. June Melles Megre

 

 

Jake Lee, 1920, Ano Novo Chines

 

 

Diferentes Calendários

 

Na Antiguidade, a maneira de contar o tempo, surpreendentemente, não era muito diferente da nossa. Os egípcios, há 6 mil anos passados, tinham um ano de 12 meses, com 30 dias cada e mais cinco dias extras, chamados “os dias celestes”.

O famoso calendário maia tinha um que de feminino, já que era regido pelas fases da lua, 13 meses de 28 dias.

Na Grécia Antiga contava-se o tempo a partir dos Jogos Olímpicos, mas cada cidade estado tinha sua própria maneira de corrigir o calendário.

O calendário judaico aponta 4 de setembro de 2013 como o começo de seu ano de 5774.

E os chineses tem um calendário baseado no sol e na lua, em ciclos de 60 anos entram em seu ano de 4711, o 31º do cliclo atual, no dia 31 de janeiro de 2014 e esse ano chinês será o ano do Cavalo.

Como se vê, cada povo tem o ano novo que melhor o representa.

A importância da virada do ano para nós, ocidentais, não passa de mais uma convenção social. Mas, como tudo segue a convenção, vivemos a ilusão de poder “começar de novo”, a cada 1 de janeiro.

 

Veja bem, se você tivesse se tornado, por milagre, um romano da Antiguidade seu ano teria terminado no nosso dia 11 de novembro, já que o ano dos romanos tinha 304 dias, divididos em 10 meses.

O famoso calendário maia tinha 13 meses e seguia as fases da lua.

Para o povo celta o ano começava no dia 21 de março, no equinócio (pra eles) da primavera. Nosso ano astrológico também começa em 21 de março.

Mas isso é pouco: há diversos calendários em uso. São aproximadamente 40, hoje em dia, no planeta.

A importância da virada do ano para nós, ocidentais, não passa de mais uma convenção social. Mas, como tudo segue a convenção, vivemos a ilusão de poder “começar de novo”, a cada 1 de janeiro.

As famosas resoluções de ano novo são a projeção daquilo que consideraríamos ideal para as nossa vidas. Na maioria, não são cumpridas, são esquecidas já no segundo mês do ano. Isso porque, na maioria também, são ideais utópicos.

No entanto existe de fato uma “explosão de vida” nessa época do ano, uma explosão que se inicia com as festas natalinas e se estende até a passagem do ano, ou além disso.

É essa "explosão de vida" que faz com que as pessoas quebrem suas defesas usuais, ficando mais sensíveis, emotivas. Infelizmente, para alguns, o saldo negativo supera o positivo e a alegria externa contrasta com a tristeza interna, o que gera sofrimento, estresse e até uma ansiedade patológica.

Para nós, os psiquiatras clínicos, o período é o mais trabalhoso: quadros agudizam, novos casos surgem e os pedidos de ajuda não param. É uma época tão fervilhante que, para pessoas propensas ou fragilizadas, essas circunstâncias são desencadeadoras de novas crises ou o início de doenças psiquiátricas.

Uma dieta saudável, exercícios físicos regulares, equilíbrio na vida social e profissional e manutenção da saúde psíquica contribuem positivamente, mas todos sabemos que nem sempre é possível conseguir tudo isso de uma só vez.

Porém, alguns desses itens dependem apenas de nós mesmos; por exemplo, qualquer pessoa pode iniciar uma mudança de hábitos alimentares. A dica é não tentar mudar radicalmente a alimentação, mas sim ir substituindo alimentos menos saudáveis por outros, aos poucos e ir se libertando do hábito de comer o que nos faz mal.

O mesmo raciocínio é válido para a atividade física. Para quem é sedentário, a caminhada pode ser o primeiro passo que terminará na porta da academia. Comece caminhando, ou pedalando, acostume-se, crie o hábito e só depois vá malhar pra valer. Se você, de sedentário, quiser se transformar em malhador, vai desistir no meio do caminho.

Policiar os próprios pensamentos também pode ser uma questão de hábito: se eu renegar o pensamento que me entristece ou desanima, se eu reagir a ele como se fosse um inimigo, de imediato nada acontece. Mas se eu fizer sempre isso, me livro de parte deles, sem dúvida. Uma boa terapia também vai ajudar, mas é possível ajudar-nos as nós mesmos.Meu colega, o psiquiatra Paulo Gaudêncio, costuma dizer que nada muda, tudo “vai mudando”...

Experimente ir mudando aquilo que não está bom na sua vida, aquilo que não lhe faz bem, não traz alegria nem felicidade. Vá mudando.Então, quando outro ano novo chegar, você também será outro, e novo.