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Sexo e Higiene

por Dra. Albertina Duarte       

 

Do ponto de vista da saúde, repito, a higiene logo após fazer amor é desnecessária

 

(ilustração: afrescos de Rafael Sanzio)

Com o aumento das discussões em torno das práticas sexuais e da busca de prazer, um tema ganhou importância na vida íntima: a higiene. Entre os adeptos de relações com vários parceiros, a camisinha surge como companheira indispensável. Já os casais monogâmicos há vários anos, que praticam sexo sem qualquer barreira, precisam de outros cuidados para evitar infecções e sentirem-se à vontade.

 

Em primeiro lugar deve haver total sinceridade sobre qualquer problema genital — ponto básico para um relacionamento transparente. Se estiver tudo bem, a melhor medida do amor é um gostoso banho, para eliminar secreções acumuladas na vagina e no pênis. De corpo limpo e cheiroso, está aberto o caminho para o prazer.

 

Em nome dele, aliás, muitas pessoas misturam, sem qualquer preconceito, práticas orais, vaginais e anais. Chamo atenção para evitar contaminação: o contato anal, repito, deve ser sempre o último. Isso porque resíduos portadores de microorganismos patogênicos passam para o pênis e daí se disseminam para a boca e vagina.

 

Quanto à higiene após a relação, ela não tem a urgência que muita gente imagina, exceto se houve contato anal. Aí, a água e o sabonete tornam-se imprescindíveis ao homem. As mulheres que sentem desconforto com a umidade do esperma lavam-se, usam toalhinhas ou papel higiênico. Se não, basta um bom banho no dia seguinte. Duchas ou lavagens vaginais, reafirmo, são contra-indicadas, porque podem alterar o meio ambiente natural da região. Nada impede, porém, que os parceiros se lavem após a relação sexual. O importante é a compreensão e o respeito. O contato sexual deve decorrer com confiança, isso aumenta o prazer.

 

Importante: a Aids atualmente é um problema de todos, principalmente daqueles que transam sem camisinha, pois a relação sexual é responsável pela grande maioria das contaminações pelo HIV. Não existem mais os “grupos de risco” (homossexuais, prostitutas, usuários de drogas injetáveis, hemofílicos). Todos nós somos vulneráveis. O preservativo (masculino ou feminino) é hoje o único método existente para a prevenção do HIV, mas seu uso ainda é pouco freqüente, principalmente entre os jovens e as pessoas que se gostam e que são namorados há mais tempo ou casadas. A camisinha sempre é vista como algo a ser utilizado apenas nas relações esporádicas, quando existe pouca intimidade e confiança. E aí que mora o perigo, pois as pessoas estão se contaminando principalmente nos relacionamentos “fixos”. Acreditamos que o amor “vacina” a pessoa que amamos e que ela não vai nos passar doença alguma. E preciso passar a ver a camisinha como uma forma de proteção, pois tanto o amor que sentimos pelo outro, quanto o aspecto físico saudável do parceiro, não garantem que ele não tenha uma DST ou o vírus do HIV. Quem ama protege!

 

SEXO E HIGIENE ÍNTIMA

 

“Doutora, como fica a minha higiene íntima após a relação sexual?” A todas as mulheres — e são muitas — que me apresentam esse problema, explico primeiro que isto é uma questão muito pessoal. Algumas preferem trocar carícias e palavras com seus companheiros. Mas outras sentem-se incomodadas com o esperma e, talvez, por acharem que faz mal, logo após a relação, levantam-se rápido para se banharem.

Do ponto de vista da saúde, repito, a higiene logo após fazer amor é desnecessária: o material ejaculado pode permanecer 10, 12 horas no interior do corpo feminino sem causar problemas. Portanto, o banho pode esperar um pouco até para não “quebrar” o clima do momento. E, como sempre digo, as lavagens vaginais são desaconselháveis por dois motivos: como recurso anticoncepcional falha muito; além disso, há risco de infecções “caminharem” para o interior do aparelho genital.

 

Agora, a decisão cabe a você. Tome aquela que a fará sentir-se melhor; isso é o mais importante. Mas, se ainda restou uma duvidazinha, a experiência de muitas pacientes que costumam tomar banho após a relação pode ajudá-la: várias que mudaram esse hábito dizem que o relacionamento melhorou. Que tal experimentar? Faz bem falar de seus sentimentos, trocar mais carinho, enfim, esticar esse momento tão gostoso.

 

HIGIENE EM MOTÉIS

 

Motel é o que não falta no país, para a alegria de todos — namorados, maridos com suas mulheres, parceiros ocasionais. Como, no entanto, nada é perfeito, no Brasil não há controle adequado de higiene. Melhor, então, tomar certos cuidados para aproveitar esse momento com tranqüilidade e segurança.

 

Ainda com a cabeça fria, antes daqueles brindes, observe a aparência geral do quarto: ela é muito significativa. Verifique, por exemplo, se espelhos, carpetes e banheiros estão rigorosamente limpos. Deixe correr a água quente na banheira para assegurar a limpeza. Se a suíte tiver piscina, lembre-se que não é sempre que o tratamento da água é confiável. Depois do mergulho, tome um bom chuveiro.

 

Quanto às roupas, fiscalize os lençóis e veja se foram trocados. As toalhas devem estar lacradas com plástico e, sobretudo, secas. A umidade favorece a transmissão de germes ou vírus, embora os microorganismos responsáveis por transmissão de DST tenham vida curta. Ainda assim, não confie nelas se não estiverem completamente secas e limpas. Depois do banho, seque os genitais com papel higiênico ou lenços de papel. E, se houver roupas ou chinelos no quarto, nada de usá-los — podem transmitir micoses.

 

Agora anote: todos esses cuidados devem ser redobrados se você chegar ao motel e precisar enfrentar fila de espera. A alta rotatividade reduz a higiene. Muito complicado? Nem tanto. São pequenos detalhes aos quais homens e mulheres devem estar atentos. As providências são muito rápidas e não vão quebrar seu pique, até mesmo se for o caso de você ter que mudar de motel. Depois, relaxe. Curta seu romance e os mágicos momentos que um bom motel pode oferecer.