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Quem Tem Medo de Ginecologista?

Por Profa. Dra. Albertina Duarte

 

 Frida Khalo, Cesariana

O profissional consciente examinará os genitais, como examina qualquer outra parte do corpo. São observados as mamas, o abdômen, os genitais internos e externos, sem nada de indecoroso ou depreciativo em relação a você.

 

A maioria das mulheres, se pudesse, não faria exame ginecológico. Realmente, fico pensando como é grande a responsabilidade do médico que vai invadir uma área tão íntima: os genitais. As mulheres podem sentir-se agredidas, violentadas, talvez, porque “aprenderam” que os genitais são feios ou, talvez, por vergonha.

 

Se você precisa de conselhos para aceitar o exame, conscientize-se de que é um passo importantíssimo para sua saúde. Por meio dele curamos pequenos corrimentos, mas também prevenimos outros problemas sérios, como tumores malignos. O segundo passo é conversar à vontade com seu médico. Fale sobre suas dúvidas e angústias sexuais — todas nós as temos. Diga até, se necessário, que detesta fazer o exame, que sente dores, que não consegue relaxar. O papel do médico é ouvir e esclarecer. Para isso estudamos muitos anos.

 

O profissional consciente examinará os genitais, como examina qualquer outra parte do corpo. São observados as mamas, o abdômen, os genitais internos e externos, sem nada de indecoroso ou depreciativo em relação a você.

Para que tudo corra com tranquilidade, siga algumas dicas: antes do exame, esvazie a bexiga e imagine-se boiando na piscina: pés e joelhos leves ajudam a controlar a tensão. Qualquer movimento contraído modifica a estrutura muscular da vagina e do abdômen, fazendo com que você sinta dores. Por isso é tão importante relaxar. Tudo terminado, volte após seis meses para um novo exame, pensando: “Meu corpo está bem, sou uma mulher saudável”.

 

Seus genitais precisam ser examinados cuidadosamente ao menos uma vez por ano. Eis o passo a passo da imprescindível visita ao médico.

Aquele ditado “prevenir é melhor do que remediar” é conhecidíssimo, certo? Pois não há prevenção melhor para sua saúde do que fazer, repito, um exame ginecológico duas vezes ao ano — ou, no mínimo, uma vez. “Essa é a maneira mais fácil de manter a saúde e evitar distúrbios do aparelho genital, nas diferentes fases da vida — infância, adolescência, idade adulta e terceira idade”, alerta o Prof. Dr. Álvaro da Cunha Bastos, emérito catedrático de Medicina.

 

De fato, além de proporcionar uma visão global dos órgãos sexuais femininos, o exame ginecológico oferece ao ginecologista a chance de avaliar até a situação de outros órgãos, pertencentes aos aparelhos digestivo, urinário e cardiovascular.

 

Para chegar a tal resultado, o médico divide a consulta em etapas:

• anamnese: relato sobre o estado de saúde da paciente. Na primeira consulta, inclui uma pequena descrição das doenças familiares, histórico pessoal, informações sobre menstruação, gravidez, parto, anticoncepcionais. Se você sente algum distúrbio, é o momento de falar do sintoma ao médico. Não se esqueça, também, de mencionar seus antecedentes clínicos, os remédios que tomou ou vem tomando e quais os objetivos dessa medicação; exame geral: inclui registro de temperatura, peso e pressão arterial. Aqui o médico fará uma avaliação global de você — dos pés à cabeça; exame ginecológico propriamente dito: compõe-se de vários exames e, para tanto, você precisa deitar-se na mesa ginecológica, despida e coberta por um lençol com plástico descartável. Veja quais são:

     exame de mamas: o primeiro passo é a inspeção visual em busca de depressões, saliências, áreas inchadas, feridas, asperezas. O segundo é a palpação: o médico procura nódulos ou gânglios, inclusive nas axilas;

     exame de abdômen: a região é apalpada cuidadosamente, para verificar se tudo está bem, inclusive nos órgãos reprodutores;

     exame dos órgãos genitais externos: engloba grandes e pequenos lábios, vulva e clitóris. H realizado com as pernas erguidas, abertas, apoiadas em dois “braços” de metal da mesa em que você está deitada. O médico investiga a existência de feridas ou áreas inflamadas;

     exame dos genitais internos: divide-se em tempos distintos. O médico faz o toque, procedimento que permite examinar com os dedos indicador e médio, protegidos por luva esterilizada, a vagina, o cérvix (colo do útero), útero e até os ovários ao pressionar o abdômen com a outra mão.

-/ exame especular: é para visualizar os órgãos internos. O ginecologista o efetua introduzindo na vagina um instrumento de metal, o espéculo, apelidado de bico-de-pato. Aberto aos poucos, o espéculo afasta as paredes vaginais sem causar dor, graças à elasticidade dos tecidos (se doer, você deve reclamar). Quando necessária uma observação mais detalhada do colo do útero, utiliza-se outro instrumento, equipado com lente de aumento e boa iluminação. Nesse caso, o exame chama-se colposcopia; e

coleta de material para o exame de Papanicolaou: aproveitando a abertura do canal vaginal, o médico passa uma pequena espátula de madeira na cérvix e uma escovinha no canal cervical para obter um esfregaço de secreções e células descarnadas. Examinado em laboratório, o material permite diagnosticar eventuais infecções; o resultado mais importante desta investigação, no entanto, é a classificação das células, essencial na detecção do câncer do colo do útero.