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		Talvez eu seja mesmo do 
		estilo naïf. A verdade, porém, é que fica difícil compreender como é que 
		a Humanidade ainda não chegou a conclusão de que o único caminho 
		possível para a paz sobre a Terra é a boa vontade. Traduzo, para quem 
		ainda não compreendeu: tolerância, diálogo, espírito aberto para 
		compreender o motivo do outro, a opção do outro, o pensamento do 
		outro... Ou ainda, espírito democrático. 
		 
		Fui jovem quando o meu país estava sob as botas da ditadura militar. 
		Algo menos feminino, impossível. E eu, pobre de mim, trabalhando pelas 
		mulheres... Ai, que escolha essa! Ouvi aos montes, de mulheres como eu: 
		“mas eu não quero que você lute por mim” 
		“eu não pedi pra você defender os meus direitos” 
		“ nós já conquistamos tudo, o que você ainda quer?” 
		“ feminismo de jeito nenhum... eu sou é feminina” 
		 
		Naqueles tempos ditatoriais, bastava ter alguma coisa como um pensamento 
		próprio, bastava pronunciar qualquer ideia que cheirasse à defesa dos 
		hoje tão badalados “direitos humanos” ou “igualdade de oportunidades” 
		para que o teu vizinho começasse a imaginar se te denunciaria como 
		“subversiva” à delegacia mais próxima. 
		 
		Tive crônicas censuradas no jornal onde escrevia. Fui barrada em algumas 
		oportunidades profissionais porque era “livre demais”, era um perigo: 
		afinal eu dizia o que pensava... 
		 
		Vi meus ídolos musicais censurados e exilados. Vi professores que eu 
		considerava geniais, banidos das escolas e até do país. Vi de perto a 
		repressão do pensamento. 
		 
		Por isso, nós, que ousávamos pensar, na época da ditadura, ansiávamos 
		pela Democracia. 
		 
		Ela veio, afinal. Teoricamente, em 1985. Fazem 31 anos. Trinta e Um 
		anos!!! E ainda trazemos o Censor dentro de nós. 
		 
		O resultado prático da repressão do pensamento foi a Universidade 
		transformada em escola formadora de mão de obra e, com raríssimas 
		exceções, não mais em fomentadora do Pensamento e da pesquisa 
		científica.  
		 
		O resultado prático da repressão do pensamento foi a ideia que 
		privilegia o pensamento da maioria como “verdade”. 
		 
		Ora, Einstein, Cristo, Gandhi, Buda, Edson, só para citar uns poucos 
		gênios que me vêm à mente nesse momento, estavam todos na contramão da 
		maioria, na medida em que duvidaram das “verdades estabelecidas”. 
		 
		Hoje, a imaturidade democrática brasileira, cria comodistas que preferem 
		“pensar” e “acreditar” by-the-book. 
		 
		Por isso é que a tendência é a do ódio substituindo o diálogo. 
		 
		Jamais poderia imaginar ver um Brasil, meio século depois do golpe 
		militar de 1964, tão antidemocrático, tão politicamente primário e 
		ignorante como o que tenho visto nos últimos meses.  
		 
		Gente, quem pensa diferente de você NÃO É seu INIMIGO, apenas pensa 
		diferente, é, no máximo, seu adversário. Isso aqui é uma república, não 
		um quartel da máfia. As pessoas têm sim pensamentos diversos, ideias 
		diversos, convicções diversas... E, numa democracia, a ideia é a de que 
		a diversidade seja amplamente compreendida... Ai! 
		 
		Amor, tolerância, compreensão e diálogo: muito melhor do que guerra! 
		"Imagine all the people living a life in peace".  
		 
		Que a pomba da paz do gênio Picasso faça cocô na cabeça dos 
		intolerantes. Quem sabe eles melhoram...rsrsrsrs... 
		 
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